“Faço o retiro do mês com a imagem do Menino Jesus na cela, como é costume no Carmelo. É o primeiro domingo do Advento, caminhada de preparação para o Natal. Espiritualmente acompanho Nossa Senhora nesses belos dias em que esperava pela vinda ao mundo de Deus feito Homem, ou antes, pelo momento de dar ao mundo Deus feito Homem, e oferecer ao Pai a vítima de propiciação pelo resgate da humanidade. O regaço e os braços de Maria sempre Virgem, são o primeiro altar preparado pelo Pai e sobre o qual, Ele expõe o Seu Filho à nossa adoração” (Irmã Lúcia).
No meio da correria que, nos dias atuais, antecede o Natal, Deus lança-nos o desafio de nos retirarmos da confusão para encontrarmos o Essencial, de fazermos silêncio de palavras para escutarmos a Palavra, de acompanharmos Maria, dando-Lhe o conforto do nosso amor filial, para recebermos o verdadeiro e mais precioso presente: o Filho de Deus!
Nunca conseguiremos apreciar plenamente o dom e o privilégio de termos um Deus tão perto de nós, tão semelhante a cada um de nós, um Deus que quanto mais se faz pequenino, mais prova que é infinitamente grande. “Nunca o meu amor será bastante para provar-Lhe a minha gratidão!”, escrevia a Irmã Lúcia. Numa das suas reflexões sobre o mistério do nascimento de Cristo, escreveu também: “Deus desce do Céu à terra para salvar as Suas pobres criaturas. É a obra-prima do Amor! Sim, veio do Céu, fez-Se homem, abraçando a humilde condição da criatura! Ele que é Deus, eterno como o Pai, igual ao Pai em poder, sabedoria e amor! Nasce como homem, mas é eterno como Deus!”
A Irmã Lúcia vivia o Natal com especial alegria e delicadeza espiritual, gostava de preparar os presépios, de cantar ao Menino e dizia-nos: “Vamos muitas vezes junto do presépio oferecer-Lhe as nossas orações, os nossos pensamentos e o nosso coração, isto é o que Jesus quer; vamos junto da nossa querida Mãe e digamos-lhe que tome conta do nosso coração e que o guarde só para Jesus.”
As imagens do Menino Jesus que colocamos nos presépios das nossas casas e ruas, são símbolo do desejo que temos de que Ele nasça no nosso coração, na nossa vida e na daqueles que nos rodeiam. Tal como os primeiros cristãos também nós continuamos a repetir: “Maranatha, Vem Senhor Jesus!” (Ap. 22,20), também nós continuamos a esperar por esta carícia de Deus feito Menino.
Que neste Natal saibamos contemplar a obra-prima do Amor e receber a graça de, no fundo do nosso coração, ouvirmos a sua voz que nos responde e nos tranquiliza: “Sim, Eu venho em breve”(Ap. 22,7).
Ir. Ana Sofia de Maria e da Trindade, ocd