Páscoa é passagem. Passar, passamos todos daqui para ali.

Páscoa lembra-nos que os hebreus passaram da escravidão para a libertação — é uma festa triunfal! E que passando Jesus pelo martírio ignominioso da cruz, deste mundo passou para a glória — são lágrimas que terminam em puro gozo e em fogo invencível!

Assim os hebreus antigos, assim Jesus, assim nós.

Páscoa é passagem também para nós, que um dia passaremos deste mundo de peregrinação para o Monte da Glória!

Não há, porém, passagem sem terror e sem lágrimas!

Todos os anos, o fiel hebreu celebrava a Páscoa lembrando a longa noite de servidão deixada para trás e a longa jornada de libertação de Israel que o levou a cruzar o deserto até à Terra Prometida.

Da escuridão para a luz.

Das correntes para o voo.

Celebrando anualmente a Páscoa, o hebreu José foi cuidando de preparar-se, também ele, para atravessar, um dia, a porta estreita da morte a fim de passar deste mundo para as estâncias eternas. E no passamento de José, sob os cuidados da Virgem Maria e o amparo de Jesus, recebeu o filho o último ensinamento do humano pai que lhe anunciou a sua própria Páscoa.

Segundo crê a tradição cristã, São José morreu depois do baptismo de Jesus e antes das Bodas de Caná; não há nem fotografias nem certezas, a não ser que na alegria inebriante de Caná estiveram Maria e Jesus, mas José parece já não ter estado. E a ser assim, tudo terá acontecido em menos de uma semana…

Afirma ainda a tradição que José morreu sereno nos braços de Jesus e sob as lágrimas da Esposa, que dele cuidaram, amorosamente, no seu desvalimento até ao fim; e foi aconchegado e enlaçado nos braços fortes de Jesus que passou daqui para o céu!

Que belo! Que consolador!

Chegada a hora soergueu-se José para se ajoelhar, reverente, aos pés de Jesus. Queria pedir-lhe perdão pelas faltas cometidas estando ao Seu serviço; mas o filho adiantou-se e abraçou o velho pai, que ainda lhe disse:

– Meu Senhor e meu Deus, Filho do Pai eterno, Criador e Redentor do mundo, dá-me a tua bênção!

Abraçando ternamente o bom servo José, carpinteiro e seu pai adoptivo, Jesus respondeu-lhe:

– Meu pai, descanse em paz e na graça do Pai eterno e na minha; e que os profetas e os santos que te esperam no céu, te apresentem a alegria da redenção!

Se a hora da morte é sempre negra, quão luminosa, ao invés, foi a de São José caído nos braços de Jesus!

Votos de Santa Páscoa para todos os leitores e colaboradores do Mensageiro e suas famílias. Que a alegria pascal vos inunde o coração.