Maria Felícia tinha uma profunda devoção a Nossa Senhora a quem chamava carinhosamente de «Minha Mãezinha, a cheia de graça». A ela confiava toda a sua vida: «Maria, minha Mãe, Mãe nossa, ensina-nos a gravar Jesus nos nossos corações.»
Em 1950 conheceu Ángel Sauá Llanes, um jovem estudante de medicina e dirigente da Ação Católica e foi tal a comunhão de almas, partilhando o mesmo ideal, que surgiu entre eles uma profunda amizade e um amor pleno e puro.
Desde que os dois jovens se conheceram, no coração de Chiquitunga surgiu uma inquietação. Sentia o desejo e o chamamento de se entregar totalmente a Deus e ao seu serviço, mas naquele momento surgiu um facto novo que não esperava: enamorou-se por aquele jovem, com quem passava as tardes de domingo a visitar os enfermos e os velhinhos dos bairros mais pobres. Duvidou, então, se Deus lhe pedia que seguisse o matrimónio.
Contudo, buscando em primeiro lugar cumprir a vontade de Deus, os dois, de comum acordo, decidiram abdicar do seu amor humano para se consagrarem totalmente ao Senhor: ele no sacerdócio e ela na vida religiosa. No seu diário, Chiquitunga escreveu: «Muitas vezes tinha concebido isto que agora, Senhor, é maravilhosa realidade: Que lindo seria ter um amor, renunciar a esse amor e juntos imolá-lo ao Senhor em prol do ideal.»
Sauá partiu para Madrid para terminar os estudos de medicina e entrar no seminário e Chiquitunga, que conhecera, providencialmente a prioresa das Carmelitas Descalças, quando esta se encontrava internada, iniciou com ela e com o seu diretor espiritual um longo processo de discernimento vocacional para saber onde Deus a queria.
A vontade de Deus orientava as suas decisões: «Ajuda-me, meu Jesus, a aceitar plenamente com alegria a Tua vontade, sem inquietar-me! A receber com calma todas as provas, a não impacientar-me com a resposta à minha pergunta insistente: fala, Senhor, que a Tua serva escuta! Que quereis de mim, Senhor?»
Cumprindo a vontade de Deus tinha a certeza de não errar o caminho e alcançar a felicidade verdadeira: «O assunto é dar resposta a Deus. Senhor, nas Tuas mãos entrego o meu espírito!»
Na manhã do dia 2 de fevereiro de 1955, ingressou no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Assunção. Recebeu o hábito no dia 14 de agosto de 1955 e tomou o nome de Irmã Maria Felícia de Jesus Sacramentado. Fez a sua Profissão simples no dia 15 de Agosto de 1956.
A sua consagração ao Senhor não foi senão um contínuo: «Morrer para viver e viver para amar», como ela escreveu no seu diário.
A Madre Teresa Margarida resumiu em poucas palavras as atitudes da Irmã Felícia desde o início da sua entrada no Carmelo: «Tinha um grande espírito de sacrifício, caridade e generosidade, tudo envolvido em grande mansidão e comunicativa alegria, sempre viva e brincalhona».
No dia 9 de janeiro de 1959 foi internada por se encontrar doente com uma hepatite infeciosa, a mesma doença com que na antevéspera falecera uma das suas irmãs.
Em meados de fevereiro pôde regressar ao mosteiro e no dia 22 de março teve alta dos médicos, com o júbilo das irmãs que já a consideravam curada. Porém, no dia 26, domingo de Páscoa, o seu irmão, que era médico, diagnosticou-lhe “Púrpura” e foi novamente hospitalizada.
Morreu na madrugada do dia 28 de abril de 1959, depois de lhe lerem o poema “Morro, porque não morro”, de Santa Teresa de Jesus. As suas últimas palavras foram: «Jesus eu amo-Te! Que doce encontro! Virgem Maria!»
Em 24 de setembro 2011 foi feita a exumação dos restos mortais da Irmã Maria Felícia e, após a limpeza dos ossos, foi descoberto o seu cérebro incorrupto.
Foi solenemente beatificada no dia 23 de junho de 2018, aquela que é a primeira beata paraguaia, no estádio Pablo Rojas, em Assunção, numa cerimónia presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, como delegado do Papa.
Hoje, desde o coração ardente de Deus Pai, Maria Felícia continua o seu apostolado em favor da salvação das almas, para que o maior número de pessoas possam tomar consciência de que já foram resgatados e redimidos pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Façamos nossas as palavras de Chiquitunga a fim de vivermos antecipadamente a nossa vocação no Céu: «Só Te peço amor, para amar!»