Maria Felícia Guggiari Echeverría nasceu a 12 de Janeiro de 1925 em Villarrica do Espírito Santo, no Paraguai. Era fisicamente pequena, motivo pelo qual o seu pai apelidou-a, carinhosamente, de “Chiquitunga” (pequerrucha, em guarani). Dotada de esplêndidas qualidades humanas e espirituais, não passava despercebida a ninguém, sendo estimada por todos. Era muito alegre, sociável, prestável, modesta e muito simples.
Ingressou na Ação Católica em 1941, onde foi uma militante empenhada e destacada.
Formou-se e trabalhou como professora, conciliando o estudo e o trabalho com o seu intenso apostolado.
Uma das suas disciplinas preferidas era Química. Partindo do símbolo químico da água – H2O – ela elaborou uma sigla para representar o seu lema de vida: «TUDO TE OFEREÇO, SENHOR!», que ela representava por T2OS.
O amor a Deus preenchia todo o ser de Chiquitunga, impulsionando-a a trabalhar pela salvação das almas, para que todos pudessem experimentar esse mesmo amor. Entregou-se totalmente ao Senhor, desde muito jovem, consagrando-lhe toda a sua vida e atividades: «Pai, aceita para a Tua glória, a entrega total de todo o meu ser, em união com o perfeito holocausto do Teu divino Filho; n’Ele, com Ele e por Ele, quero viver, amar, orar, sofrer e morrer.»
Este amor era alimentado pela oração e pela participação diária da Eucaristia: «Peço-Te, Jesus Hóstia, que acendas nos nossos corações o fogo do Teu amor, de modo que se consumam integralmente, e Te sirvam com integridade de vida! Aceita, meu Deus, tudo o que fizermos, pensarmos e seguirmos. Que nada, Senhor, deixe de ser oferecido pela Tua glória!»
Aos pés do Sacrário, Maria Felícia gostava de passar longas vigílias em adoração a Jesus Sacramentado: «Diante de mim e de todas as minhas coisas está Ele, aqui e na Eucaristia, meu refúgio predileto.»
E aí encontrava a força para enfrentar os desafios e as dificuldades do dia-a-dia:
«Quando penso que se não fosse por uma força estranha, sobrenatural, que vem da Eucaristia, digo em verdade, não sei como teria suportado!»
Recordando a sua Primeira Comunhão escreveu no seu diário: «Nunca se apagará da minha mente a lembrança do dia mais feliz da minha vida, o dia da primeira união com o meu Deus e o ponto de onde surge a minha resolução de ser cada dia melhor».
A sua aspiração era a salvação das almas, que a lançava, sem descanso, a um apostolado ativo na Ação Católica, sobretudo entre as crianças, os idosos, os doentes e os presos: «Eu Te peço, com insistência de insolência, que nos faças cada dia mais e mais fortes na nossa decisão. Tudo, Jesus, absolutamente tudo pela Tua glória e pelas almas. Este é o meu único ideal.»
A generosidade de Chiquitunga não tinha limites, desde criança que a sua alegria estava em ajudar, em dar e em dar-se aos outros.
A sua mãe contou que, num dia de muito frio, Chiquitunga voltou da escola a tremer de frio porque tinha dado o seu agasalho a uma menina pobre. Uma das suas irmãs denunciou-a ao pai, porém ela respondeu: «Estás a ver, paizinho! Eu não sinto frio!». E repetia esfregando as mãozinhas nos seus braços nus e tiritantes. Numa outra vez chegou a casa com umas sandálias disformes e gastas porque tinha dado, em troca, os seus sapatos a uma menina necessitada. Episódios comoventes e significativos, que revelam o carácter desta menina que encontrava a sua felicidade na partilha com os demais.
Buscava sempre em primeiro lugar a vontade de Deus: «Quisera sempre e em tudo dizer: Sim! Sim, Pai, conformando a minha pequena vontade à Tua divina vontade.»
E nesta fidelidade à Sua vontade, discernia sobre o que fazer e qual a vocação a seguir: «Esposo da minha alma, Tu conheces os meus desejos de apostolado, de zelo pela salvação das almas, ajuda-me a saber onde queres a consagração integral de todo o meu ser.»
Desejava ser santa para dar glória a Deus e para bem das almas: «Que dia-a-dia, desde hoje, eu vá escalando mais e mais os degraus da perfeição, até ver integralmente cumprida a vontade de Deus: ser santa!»
(continua)
António José, ocds