Boa tarde, o Senhor Cardeal está fresco como uma flor…
Fresco, fresco não estarei, que já tenho 90 anos. Mas cá ando, cá ando com a graça de Deus..
Ao trabalho do Sr Cardeal devemos a beatificação dos Pastorinhos.
Olhe, até àquela beatificação estava proibido beatificar crianças. Obviamente que a mim deu muito trabalho, muito estudo, e a uma comissão internacional muito grande de teólogos. Mas a verdade é que eles foram perseguidos e, mesmo sob ameaça de morte do governador de Ourém, eles se mantiveram firmes na promessa a Nossa Senhora. E revelaram-se capazes de enfrentar um martírio terrível! Que valentes crianças!
Foi um belo trabalho.
Olhe que também a mim se deve que as beatificações sejam hoje realizadas nas Igrejas Locais. E que bom que isso é…
E foi assim que foi a todo o mundo.
Sim, fui a quase todos os países do mundo. Presidi a muitas beatificações nos quatro pontos cardeais. Em todos os povos e culturas o Bom Deus é adorado com sublime afeição!
Disse em todos os países?…
Não, não. Quase todos; olhe tenho, aqui neste corredor — ajude-me a levantar, por favor — tenho aqui, neste corredor e nesta sala, um museu. São pequenas recordações de presidentes, de bispos, de conferências episcopais…
Vejo que tem aqui o Menino Jesus de Praga!
Tenho, tenho. Eu também fui peregrino do Santuário do Menino Jesus. É uma imagem muito pequenina, mas muito bela e de grande significado para mim. E tenho uma outra das Filipinas…
Está aqui!
Uma vez estive em representação da Santa Sé e ofereceram-me esta imagenzinha do Santo Niño, que é o Menino Jesus de Praga.
Sei, sei.
Pois, Você tem de saber, claro! Esta imagem evoca a chegada de Fernão de Magalhães às Filipinas. Quando ele tocou solo na Ilha de Cebu deixou ficar ali a imagem do Santo Niño, que está na origem da evangelização daquelas terras! Guardo-a com muito carinho!
É a infância de Jesus!
Que tem um grande poder! O poder de Jesus é o amor, e a Sua infância é fonte da salvação, porque Jesus é todo amor! Ele é amor desde o princípio.
Tem o Menino Jesus no coração!
Ai, tenho, tenho. Desde menino. A minha mãe chamava-se Maria da Natividade; veja só! E na minha terra do Jarmelo (Guarda) o Natal era vivido com muita piedade e simplicidade.
Desde menino que sou do Menino Jesus!

CARD. JOSÉ SARAIVA MARTINS
(90 anos, Roma)