Depois de termos centrado o nosso olhar em Maria e na sua particular presença na infância de Jesus, voltemos a nossa atenção para José. Ninguém viveu tão próximo de Maria e de Jesus menino como este homem humilde e silencioso. Tal proximidade desperta o nosso afeto crente e faz-nos imaginar como seriam os dias de José. O ano josefino que vivemos, ao celebrarmos o 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja, é uma especial ocasião de graça para o fazer.
O parco número de palavras bíblicas acerca do esposo de Maria contrasta com a densidade das mesmas. E este facto é, em si, muito significativo: José pertence àquela porção dos pequenos, dos silenciosos, dos que passam despercebidos, mas que são quem, na verdade, constrói a história. O silêncio de José e o silêncio acerca dele introduz-nos nesta eloquente verdade: a vida quotidiana, feita de suas coisas simples, é o lugar das maravilhas de Deus, daquelas maravilhas que, por serem tão íntimas, escapam à armadilha das palavras. José é o cuidador de Jesus nas coisas de todos os dias. O que o faz especial e único não são coisas excecionais, que justifiquem uma divulgação a larga escala, mas sim a simplicidade do dia a dia, a relação de todos os dias, onde José ensinava o seu Menino e aprendia com Ele.
Deixando-nos inspirar pela carta com o Papa Francisco proclamou este ano de São José, não é difícil imaginar relação de José e Jesus. Em primeiríssimo lugar, certamente, uma relação tecida de ternura, aquela ternura que Jesus um dia mais tarde manifestará para com todos. Além disso, a relação entre José e Jesus estaria alicerçada na entrega concreta do pai ao seu filho, uma doação integral traduzida no trabalho do carpinteiro de Nazaré para nutrir o Filho do Altíssimo. Por isso, não espanta que, mais tarde, Jesus dê tudo até dar-se a si mesmo para dar vida a todos. Finalmente, como não imaginar o grande José com o pequeno Jesus a seu colo, transmitindo-lhe a história do povo amado de Deus e ensinando-lhe como dirigir-se a Deus?
Como diz o Papa Francisco, «não se nasce pai, torna-se tal… E não se torna pai apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele». Como é belo parar e maravilhar-se com a vida de José que aprende a ser pai cuidando o pequeno Reizinho. Inspirando-nos em São José, deixemos que os desvelos devotos para com o Divino Menino nos moldem e que tal proximidade nos identifique com Jesus.
Renato Pereira