Estamos no mês de Julho, mês profundamente mariano, sobretudo entre os Carmelitas, enquanto nos seus Mosteiros, Conventos, Santuários e Igrejas paroquiais que assistem, se torna num mês essencialmente dedicado à contemplação de Maria através de uma reflexão e estudo mais aprofundado, um culto e veneração mais cuidada, uma liturgia mais vivida e atentamente celebrada. É o mês de Nossa Senhora que leva o título de Nossa Senhora do Monte Carmelo. É o mês do Escapulário.

 

O culto mariano

No Carmelo, e em toda as almas que se sentem movidas por um terno afecto para com a Mãe de Jesus, floresce a contemplação daquela que, desde o princípio, soube estar aberta à escuta da Palavra de Deus, e ser obediente à sua vontade (Lc 2,19.51). Maria, de facto, educada e plasmada pelo Espírito (cf. Lc 2,44-50), foi capaz de ler na fé a sua própria história (cf. Lc 1,46-55) e, dócil à inspiração divina, “avançou na peregrinação da fé e manteve fielmente a sua união com o Filho até à cruz, junto da qual, não sem um desígnio divino, permaneceu de pé (cf. Jo 19,25), sofrendo profundamente com o seu Unigénito e associando-se, com entranhas de mãe, ao seu sacrifício” (LG 58).

A contemplação da Virgem é apresentada enquanto, como Mãe primorosa, vê crescer o seu Filho em Nazaré (cf. Lc 2,40-52), O segue pelos caminhos da Palestina, O assiste nas bodas de Caná (cf. Jo 2,5) e, aos pés da Cruz, se converte na Mãe associada ao seu oferecimento, doando-se a todos os homens na entrega que o mesmo Jesus faz dela ao seu discípulo predilecto (cf. Jo 19,26). Como Mãe da Igreja, a Virgem Santa está unida aos discípulos “em contínua oração” (Act 1,14) e, como Mulher nova que antecipa em si o que realizará um dia em todos nós, com a plena fruição da vida trinitária, é elevada ao Céu, de onde  estende o manto de protecção da sua misericórdia  sobre os filhos que peregrinam até ao monte santo da glória. Tal atitude contemplativa da mente e do coração leva a admirar a experiência de fé e de amor de Maria, que já vive em si  o que todo o fiel deseja e espera realizar no mistério de Cristo e da Igreja (cf. SC 103; LG 53).

Os Carmelitas e as Carmelitas elegeram Maria como sua Padroeira e Mãe espiritual e têm-na sempre diante dos olhos e do coração, como Virgem Puríssima que guia a todos até ao perfeito conhecimento e imitação de Cristo.

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

De entre os símbolos marianos que ocupam um lugar mais especial na vida e na devoção dos fiéis encontramos o Escapulário e, mais concretamente ainda, o Escapulário da Senhora do Carmo, verdadeiro sacramental promovido e celebrado pela Igreja.

O Escapulário do Carmo é um sinal exterior de devoção mariana, de pertença, consagração e devoção a Maria. É, portanto, um sacramental, ou seja, “um sinal sagrado segundo o modelo dos sacramentos, por meio do qual se significam efeitos, principalmente espirituais, obtidos pela intercessão da Igreja”. Concretamente, como meio de consagração, o escapulário fala – como dizia o Papa Pio XII – de humildade, de simplicidade, de oração contínua e de todas as virtudes da Santa Mãe, das quais o devoto se deve revestir e é convidado a uma íntima união com Deus e ao serviço humilde do próximo na Igreja. Portanto, não é algo estático, mas compromete aqueles que o levam consigo.

“No símbolo do Escapulário – afirmava S. João Paulo II, um grande devoto do Escapulário do Carmo – descobre-se com evidência uma síntese eficaz de espiritualidade mariana, que aumenta a devoção dos fiéis, tornando-lhes sensível a presença amorosa da Virgem Mãe nas suas vidas. O escapulário é, essencialmente, um ‘hábito’.

Quem leva o Escapulário é introduzido na terra do Carmelo, para que ‘coma dos seus frutos e bens’ (cf. Jer 2,7), e experimente a presença doce e materna de Maria, no compromisso quotidiano de se revestir interiormente de Cristo, e de o manifestar vivo, em si próprio, para o bem da Igreja e de toda a humanidade.

Podíamos dizer que são duas as verdades evocadas no símbolo do Escapulário: por um lado a protecção contínua da Santíssima Virgem, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; por outro lado, a consciência de que a devoção a Maria não se pode limitar a orações e ritos em sua honra em algumas circunstâncias, mas que deve constituir um “hábito”.

Isto significa, portanto, uma atenção permanente da própria conduta cristã, tecida de oração e de vida interior, mediante a prática frequente dos Sacramentos e o exercício concreto das obras de misericórdia espirituais e corporais.

Deste modo, o Escapulário converte-se em símbolo de “aliança” e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis: de facto, traduz de modo concreto a entrega que Jesus, do alto da cruz, fez a João, e nele a todos nós, de sua Mãe; e a entrega do apóstolo predilecto e de nós a Ela, constituída como Mãe espiritual.