«Encontrando-se Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me.” Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: “Quero, fica purificado.” E imediatamente a lepra o deixou.
A sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para o ouvirem e para que os curasse dos seus males. Mas Ele retirava-se para lugares solitários e aí se entregava à oração.» (Lc 5, 12-16)

«– Continuem a rezar o Terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.
– Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo.
– Alguns curarei, outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem.» (13/09/1917)
A aparição de Nossa Senhora, no mês de Setembro de 1917, aos pastorinhos, na Cova da Iria, segue a mesma linha da mensagem das aparições anteriores. Mantem-se o pedido premente de Nossa Senhora em se rezar o terço, todos os dias. De facto, a oração é o tema central de toda a mensagem de Fátima e deve ser motivo de reflexão para todos aqueles que se consideram devotos de Nossa Senhora, sobretudo, sob esta invocação.

Durantes estes cinco meses, Nossa Senhora pediu que se rezasse o terço todos os dias. Um pedido que não é dirigido apenas às três crianças, mas dirigido a todos, especialmente aos peregrinos, que desde junho se dirigiam para Aljustrel e à Cova da Iria, e que mês após mês iam aumentando cada vez mais.

O pedido de oração feito por Nossa Senhora, nas aparições de Fátima, é formulado com o pedido da oração do terço. A oração do rosário, meditando os mistérios da vida de Jesus Cristo, é uma oração maravilhosa, muito útil e prática, para ajudar todas as pessoas a ritmarem a sua vida com a oração. Contudo, não podemos esquecer que as aparições e a mensagem aconteceram num contexto social e religioso específico, cujos protagonistas foram três crianças, de tenra idade e analfabetas. Logo, deve-se considerar que, sem desvalorizar a oração do terço, a mensagem de Nossa Senhora e o pedido que faz, continuamente, de se rezar, é na sua essência, uma mensagem sobre a oração e a sua importância na vida do cristão, pelo que deve ser tida em conta na vida diária, com o protagonismo que lhe é devido, não importando a fórmula ou a formulação da mesma: terço, lectio divina, liturgia das horas, oração do coração …

No relato da aparição deste mês, vemos ainda a Lúcia, como porta-voz, dirigindo a Maria as intenções daquela gente que, movida pela fé, se confiava à sua oração e à intercessão de Nossa Senhora. Os três pastorinhos são um exemplo perfeito do verdadeiro orante, que não se fecha na sua devoção, mas está solidário com os outros dirigindo a Deus a sua oração pelas intenções dos que se lhe confiam e pelos que mais sofrem.

A mensagem de Nossa Senhora não traz, nem podia trazer, nada de novo. Ela vem indicar-nos que o caminho a seguir é o seu Filho Jesus. E Jesus mostra-nos, com a sua vida, como é importante a oração.

Se vemos Jesus a rezar e Nossa Senhora a pedir, com tanta insistência, a oração diária, isto deve-nos fazer pensar. A mensagem de Fátima deve ser para nós uma constante interpelação sobre a nossa vida espiritual. Aceitemos o desafio de fazermos um exame de consciência sobre a oração na nossa vida e aproveitemo-lo como o nosso momento de oração:
Que tempo, do nosso dia, destinamos para a oração? A oração ocupa, realmente, um lugar importante na minha vida? Esforço-me por ser fiel à oração ou rezo apenas nos momentos difíceis e de aperto? Tenho consciência que ser cristão, discípulo de Jesus Cristo, implica ser um homem / mulher de oração? Acredito, verdadeiramente, no poder da oração ou considero que esta é secundária e o que importa é a ação? Como é a minha oração? Porque rezo? Para que rezo? É uma oração de interesse, pedindo para mim graças, que muitas vezes nem correspondem à vontade de Deus, exacerbando assim o meu egoísmo e egocentrismo? Ou é uma oração de louvor e adoração, aberta às necessidades do mundo e do meu próximo? Rezo porque vivo? Ou vivo porque rezo?

Oração
Jesus, nosso Mestre e Salvador, pelo Imaculado Coração de Maria, nossa mãe, ensina-nos a orar e sermos perseverantes na oração.

António José, ocds