O director do Mensageiro convidou os noviços carmelitas para uma colaboração no Mensageiro do Menino Jesus de Praga. O pretexto utilizado foi o Sínodo dos Bispos sobre os Jovens que o Papa Francisco convocou para este ano de 2018. E nós aceitámos com todo o gosto esse convite. Coube-me a mim dar o pontapé de saída nesta nossa colaboração.
Ao iniciar esta série de artigos, pensamos começar por sistematizar o que é este Sínodo, o motivo pelo qual o Santo Padre o convocou e qual a sua importância.
A palavra Sínodo vem do grego sýnodos que significa ‘caminhar juntos’. Na Igreja, o Sínodo é sempre convocado por uma autoridade eclesiástica e pode ir desde um simples Sínodo diocesano – e nesse caso é o bispo diocesano que o convoca – até a um com um carácter mais universal, sendo o Papa a convocá-lo. Para um Sínodo são chamados a dar a sua opinião clérigos, religiosos e leigos, de modo a que seja verdadeiramente um ‘caminhar juntos’. No entanto, o Sínodo dos Bispos é um pouco diferente. Este Sínodo, surgido com o Concílio Vaticano II, corresponde a um órgão consultivo do Papa. É uma reunião periódica em que participam Bispos de todo o mundo – mas não todos os Bispos do mundo –, alguns peritos e outros convidados, e tem como objectivo assistir o Santo Padre em algum tema ou matéria específica.
Já vimos o que é um Sínodo e o que é este Sínodo dos Bispos em particular. Vejamos agora o motivo pelo qual o Santo Padre o convocou. Na carta convocatória do Sínodo, dirigida aos jovens do mundo inteiro, o Papa diz, logo no início, o seguinte:
«É-me grato anunciar-vos que em Outubro de 2018 se celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional». Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração».
Deste pequeno trecho tiramos várias conclusões. Primeiro, o Sínodo dos Bispos sobre os Jovens vai realizar-se em Outubro de 2018 e a reflexão centra-se em nós, os jovens, nas nossas preocupações e aspirações, nas nossas esperanças e medos, no que desejamos para a Igreja, relacionando todas estas realidades com a experiência e a vivência da fé e do «dom do discernimento vocacional». E porquê esta reflexão? Porque, como diz o Papa, ele traz-nos a nós, os jovens, no coração.
Mas o Santo Padre não quer que sejam só os «velhos» a dar lições e a decidir pelos jovens. O Papa Francisco deseja que cada jovem, católico ou não, crente ou não crente, possa manifestar a sua opinião, porque a Igreja «quer colocar-se à escuta da voz, da sensibilidade, da fé e também das dúvidas e das críticas dos jovens». Por isso, foi enviado um questionário a todas as dioceses do mundo para que os responsáveis da pastoral juvenil possam recolher opiniões sobre o tema.
Há outra ferramenta mais eficaz, permitindo que seja escutada a voz de cada jovem: o inquérito online para jovens dos 16 aos 29 anos, crentes ou não, com uma série de questões que abordam vários temas: a relação entre os jovens, Igreja e a sociedade contemporânea; o acompanhamento espiritual e vocacional dos mais novos, por parte dos responsáveis católicos; a pastoral juvenil vocacional; e um conjunto de questões específicas para os vários continentes. Este inquérito terminou no dia 31 de Dezembro de 2017. A partir destas duas ferramentas, juntamente com o documento preparatório de Janeiro de 2017, será elaborado um Instrumento de Trabalho no Sínodo de Outubro. As várias fases do Sínodo pode ser acompanhado através do site oficial: http://youth.synod2018.va.
Não pensemos, no entanto, que as notícias só aparecerão em Outubro. Em Março deste ano vai decorrer no Vaticano uma reunião pré-sinodal de preparação dos trabalhos. Para essa reunião foram convidados jovens de várias partes do mundo, crentes e não crentes, que vão apresentar o seu contributo.
«Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade. Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre», diz o Santo Padre na carta já mencionada. Este repto é também para os leitores do Mensageiro: jovens ou menos jovens, sejamos audazes no seguimento do Mestre, porque o mundo precisa de nós.
André Morais, noviço ocd